1 - Classificação dos Seres Vivos

1. Classificação dos seres vivos


Devido à grande variedade dos seres vivos, os cientistas resolveram agrupar os organismos de forma a facilitar seus estudos, desta forma, estabelecer à filogênese (filo=raça, gênese=origem) a possível sequência que os seres vivos surgiram na superfície da Terra.

A Taxonomia (taxis=arranjo, nomo=lei) é a parte da Biologia que estuda a nomenclatura, identificação e classificação dos seres vivos. O criador da taxonomia foi o sueco Carl Von Linné (1707-1778; Lineu, em português). Porém em sua época a grande maioria dos cientistas acreditava que as espécies não evoluíam. A evolução só viria a ser discutida somente cem anos a frente, após as descobertas de Charles Darwin (naturalista inglês, 1809-1882).

1.1. Categorias taxonômicas


Acredita-se que a Terra tenha, aproximadamente, 4,5 bilhões de anos e que a vida surgiu no nosso planeta há cerca de 3 a 3,5 bilhões de anos. Desde o aparecimento dos primeiros seres vivos, ocorreram modificações constantes nas formas de vida até se chegar à complexidade dos organismos atuais.

Foram descritas, até hoje, 1 milhão e 750 mil espécies e calcula-se que existam entre 5 e 100 milhões de espécies de seres vivos no nosso planeta. Esta Biodiversidade significa a variedade de vida que há na Terra e também pode ser entendida não só como a variedade de espécies, mas como a variedade genética e de ecossistemas existentes numa região. A maior biodiversidade está nas florestas tropicais. Os territórios de megadiversidade incluem 60% a 70% da diversidade loca lizada nas florestas tropicais, e o Brasil é riquíssimo nesse tipo de floresta — Amazônica e Atlântica.

A biodiversidade do planeta é tão grande que os cientistas precisaram criar os chamados sistemas de classificação. A sistemática ou taxionomia é a ciência que estuda a classificação dos seres vivos em grupos conhecidos por táxons ou categorias hierárquicas.

A classificação consiste em reunir seres vivos com características semelhantes, procurando facilitar os estudos sobre eles. Os critérios de classificação podem e ser artificial ou natural.

A Classificação Artificial é aquela escolhida arbitrariamente. Por exemplo, as plantas são dividi das em três grupos – ervas, arbustos e árvores –, ou os animais são divididos em três grupos, aquáticos, terrestre e voadores.

A classificação natural não se baseia em uma agrupamento aleatório, leva em consideração a morfologia, fisiologia o desenvolvimento embrionário dos indivíduos, no estudo do cariótipo da espécie, na evolução das espécies, na distribuição das espécies e na genética.

Durante muito tempo, os seres vivos foram divididos em dois reinos: vegetal e animal. No final do século passado, os naturalistas estabeleceram um terceiro reino que passou a ser chamado Protista. Os protistas eram aqueles seres unicelulares que apresentavam características intermediárias entre vegetais e animais. Assim, alguns seres como as euglenas, as diatomáceas e os protozoários passaram a ser classificados como protistas.

Com o avanço da microscopia, os cientistas observaram que alguns seres vivos não apresentavam nas suas células um núcleo organizado (seres procariontes). O material genético era dito difuso. Estabeleceu-se, então, um novo Rei no chamado Monera, no qual, incluíram-se as bactérias e as algas azuis — cianofíceas.

Em 1969, um cientista norte-americano, R. H. Whittaker, propôs uma classificação dos seres vivos em cinco Reinos:

Monera: inclui todos os seres procariontes (bactérias e cianobactérias — cianofíceas).

Protista: compreende todos os seres unicelulares e eucariontes, entre eles todos os protozoários, pirrófitos, crisófitos, euglenófitos etc.

Fungi: abrange todos os fungos.

Plantae, Metaphyta ou Vegetalia: inclui todos os vegetais.

Animalia ou Metazoa: engloba todos os animais.

Os vírus, pela sua estrutura particular, que será estudada em breve, não são incluídos em nenhum dos cincos reinos conhecidos.

As classificações sofreram, recentemente, modificações. A classificação adotada será a divisão dos seres vivos em três domínios:

Archaea: Reino das Archaeabacteria (Monera). É composto das bactérias que vivem em ambientes inóspitos, tais como fontes termais sulfurosas, lagos muito salgados ou águas ácidas.

Bacteria: Reino Eubacteria (Monera). Compreende as bactérias normais.

Eukaria : Compreende os eucariotos

reinos:

–Proctista (Protista)

–Fungi

–Plantae

–Animalia

Figura 2- Categorias taxonômicas

Figura3 - Árvore filogenética, destacando dos três domínios (Bactéria, Arquea e Eucaria)

1.2. As categorias de classificação (táxons)


Você já viu a palavra "espécie" diversas vezes, mas o que ela realmente significa?

Pense, por exemplo, no cavalo e na égua. Eles podem acasalar-se e dar origem a um descendente fértil, isto é, que também pode gerar seus próprios descendentes. Dizemos, por isso, que cavalos e éguas são animais que pertencem a uma mesma espécie.

Podemos, então, definir: espécie é um conjunto de organismos semelhantes entre si, capazes de se cruzar e gerar descendentes férteis.

Indivíduos de espécies diferentes não cruzam entre si ou, quando se cruzam, não formam descendentes. Mas, se o seu cruzamento gerar descendentes, estes serão estéreis. É o caso do cruzamento entre cavalo e jumenta, que produz descendentes estéreis, que são o burro e a mula, outro exemplo é o cruzamento entre um leão e uma tigresa, que dá origem a um hibrido estéril chamado de ligre (Fig.2).

Figura 2 - Hibrido entre leão e tigre, conhecido como Ligre.

Espécies semelhantes são agrupadas no gênero. A reunião de gêneros semelhantes compõe uma família. Famílias são, por sua vez, reunidas em ordens, estas em classes e as classes formam os filos. Os filos reunidos constituem o reino. Os reinos em domínios (Fig.3). Assim, a ordem das categorias de classificação é:


Espécie - Gênero - Família - Ordem - Classe - Filo - Reino - Domínio


1.3. Regras de nomenclatura


As atuais regras de nomenclatura científica são atribuídas ao sueco Carl Von Linné (1707–1778), aqui neste conteúdo abordaremos as principais, que são:

– Todo nome científico deve ser escrito em latim ou ser latinizado.

– O nome deve ser grifado ou impresso em itálico.

– Toda espécie recebe dois nomes (nomenclatura binominal): o primeiro refere-se ao gênero e o segundo, à espécie.

Ex.: Milho – Zea mays

Feijão – Phaseolus vulgaris

Homem – Homo sapiens

Cão – Canis familiaris

– O gênero deve ser escrito com inicial maiúscula.

– A espécie deve ser escrita com inicial minúscula.

– Quando ocorrer subespécie (variedade), a nomenclatura passa a ser trinominal.

Ex.: Rhea americana (refere-se à ema dos Estados Unidos)

Rhea americana alba (ema branca)

Rhea americana grisea (ema cinza)

Observa-se, pois, a existência de três subespécies de emas.

Se autores diferentes dão nomes diferentes para uma mesma espécie, prevalece sempre a primeira denominação. É a lei da prioridade.

Referência:

RUPPERT, E. & BARNES, R.D. 1996. Zoologia dos Invertebrados. 6ª ed., Roca Ed., São Paulo. 1029 p.

RUPPERT, E.E., FOX, R.S. & BARNES, R.D. 2005. Zoologia dos Invertebrados. 7ª ed., Ed. Roca, São Paulo, 1145 p.

STORER, T.I. & USINGER, R.L. Zoologia Geral. Ed. Nacional da USP. São Paulo, SP. 1991 816 p.

LAURO F. Zoologia em Transformação. Ed. Reves, 3 Ed. Rio de Janeiro, RJ. 1971. 342p.

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